Filed under: Sem categoria
1844 palavras
1-6 O homem de fé está lutando contra as limitações práticas da fé. A história mostra também a tensão nos relacionamentos familiares que longos períodos de espera podem originar. Note também o silêncio de Deus neste capítulo – exceto pelo longo diálogo com a banida Agar (Andrews Study Bible).
1 Serva. O termo hebraico denota uma serva pessoal da esposa, não uma escrava qualquer (cf 21.10). O relacionamento dela com Sara é semelhante ao de Eliézer com Abraão (15.2) (Bíblia de Genebra).
Apesar de todas as promessas de Deus, permanecia o fato de que Abrão ainda estava sem filhos dez anos após a primeira promessa feita a ele (v. 3). Então, aparece em cena Agar, uma egípcia, serva de Sara. Uma vez que os egípcios eram uma nação poderosa no tempo de Abrão, é singular encontrar uma serva egípcia num lar hebreu. Agar provavelmente era uma atendente pessoal dada a Sara quando ela foi levada ao faraó (ver Gn 12:15, 16). CBASD – Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. 1, p. 315.
Agar. Esse não é um nome egípcio. O nome original dela não é dado. O nome Agar, que significa “fuga” em árabe. talvez lhe tenha sido dado após ela ter fugido de sua senhora. CBASD, vol. 1, p. 315.
2 Possuí minha serva. Concluindo, com falta de fé, que não havia esperança de ter filhos, Sara decidiu seguir a prática de seu país natal a fim de prover um herdeiro para a família. Os códigos legais da Mesopotâmia reconheciam a prática através da qual uma esposa sem filhos podia dar uma de suas escravas ao marido e obter filhos por meio dela, e determinavam precisamente os direitos de tais descendentes. CBASD, vol. 1, p. 316.
Deus tinha recentemente reconhecido a fé de Abrão (15:6) mas Abrão agora aparece como simples peça do plano de Sara. Contudo, para entender o plano desesperado de Sara, a vergonha associada a ser estéril precisa ser completamente entendida (1 Sam. 1:5-6). A esterilidade não significava somente a falta de um filho (e portanto de um futuro), mas também apontava para um desgosto divino. Por outro lado, a prática sugerida por Sara para chegar à maternidade por todo o antigo Oriente, do terceiro até o primeiro milênio a.C (Andrews Study Bible).
“A substância da fé possuída por Abraão e por Sara era deficiente, não em relação à promessa, mas em relação ao método pelo qual ela se cumpriria” (Calvino). O comportamento de Sara estava errado, mas tinha precedentes no Código de Amurabe e nos tabletes de argila descobertos em Nuzi. Em ambas estas fontes vemos que os contratos de casamento estabeleciam a obrigação de prover-se de uma serva para o marido, caso a mulher não chegasse a dar-lhe filhos. O resultado foi o aparecimento da discórdia no lar (4-6) (Bíblia Shedd).
Dentro deste costume [… ] a autoridade sobre os filhos resultantes desta união era da esposa legítima e não da esposa-escrava (Bíblia de Genebra).
Anuiu [concordou]. A frase “anuiu ao conselho” (Gen. 6:2) somente aparece em 3:17, onde se descreve a decisão de Adão de comer o fruto proibido. Este tipo de obediência é autodestrutiva. Outros elementos e ligações verbais (p. ex: “tomou” [3:6/16:3]) conectam esta história à história da queda do homem no cap. 3 (Andrews Study Bible).
A fé pode ser genuína e mesmo assim se mostrar fraca em momentos de pressão e perplexidade. Uma fé vigorosa se apegará à promessa e somente a ela, confiando inteiramente que Deus irá cumpri-la Essa foi a fé de Abraão, exceto no caso de três ou quatro breves ocasiões, no decorrer de uma vida longa e cheia de acontecimentos. Deus não precisava de artifícios de Abraão para a realização da promessa. Ele requeria apenas a fé e a obediência. Ao concordar com a sugestão impensada de Sara, Abraão seguiu os passos de Adão. Em ambos os casos, o resultado foi sofrimento e desapontamento, e a bênção esperada se demonstrou uma maldição. Ao dar ouvidos à errônea sugestão de Sara, Abraão criou dificuldades para si mesmo, as quais tiveram consequências de longo alcance. Surgiram problemas e sofrimentos domésticos, além de ódio entre a posterior descendência de ambas as esposas. Até hoje, de forma amarga, os representantes modernos de Sara e Agar (judeus e árabes) têm brigado pela posse da chamada “terra santa”. CBASD, vol. 1, p. 316.
4 Foi sua senhora por ela desprezada. A esterilidade entre os hebreus sempre foi considerada uma desonra e uma vergonha (Gn 30:1, 23; Lv 20:20; ver com. de Lc 1:25) enquanto a fecundidade era considerada um sinal especial do favor divino (ver Gn 21:6; 24:60; Êx 23:26; etc.). O fato de a serva egípcia, honrada pela admissão à categoria de esposa (v. 3), ter se esquecido do privilégio dessa posição e se tornado insolente era precisamente o comportamento que se poderia esperar. Ela não quis concordar com o plano de sua senhora; por que seu filho devia se passar por filho de Sara? Assim, a escrava que havia servido Sara tão fielmente ao longo dos anos e que foi considerada qualificada para se tornar esposa de Abraão, começou a desprezar aquela a quem até então havia honrado. Nos lares que sofrem interferência no status matrimonial aprovado por Deus prevalecem a tristeza, o ciúme e uma amarga rivalidade. O lar de Abraão não foi exceção, e a harmonia de tempos anteriores se transformou em discórdia. CBASD, vol. 1, p. 316.
5-6 A gravidez de Agar alterou os relacionamentos na casa de Abrão. As reclamações de Sara resultam na confirmação da posição de Sara na casa. Quando Abrão autoriza sua esposa para fazer o que lhe parecer bem com Hagar, Sara “humilhou-a”. (veja 31:50) (Andrews Study Bible).
Essa geração natural não trouxe paz; apenas o maior descendente de Abraão (Gl 3.16), o Filho do Deus da paz, pode fazê-lo (Bíblia de Genebra).
5 Seja sobre ti a afronta. Sara usa uma linguagem que mostra grande irritação, indicando que se arrependeu de sua decisão anterior e que queria culpar o marido pelo ato praticado e pelas amargas consequências. Ela até faz um irreverente uso do nome de Yahweh, invocando Seu juízo sobre Abraão. CBASD, vol. 1, p. 316.
6 Procede segundo melhor te proceder. A seção 146 do código mesopotâmico de Hamurábi diz que “se mais tarde essa escrava reivindicar igualdade com sua senhora porque teve filhos, sua senhora não poderá vendê-la; poderá colocar sobre ela uma marca indicando que ela é escrava e considerá-la como um dos escravos”. Essa lei permitia a humilhação de uma escrava concubina arrogante, mas também impunha certas restrições sobre sua proprietária. Abraão, que fora nascido e criado na Mesopotâmia, certamente estava familiarizado com as leis e os costumes de sua terra natal e, portanto, concordou com a lei que permitia à esposa humilhar Agar, mas não vendê-la. A disposição conciliatória de Abraão também fica evidente pela permissão que deu a Sara. Ele suprimiu seus próprios sentimentos a fim de restaurar a harmonia ao lar perturbado. Por outro lado, mostrou fraqueza ao ceder ao propósito apaixonado de Sara de infligir uma punição injustificável à mãe de seu futuro filho. CBASD, vol. 1, p. 316, 317.
7-13 Anjo do SENHOR. O nome final – dado no v. 13 (“Tu és Deus que vê”) – sugere que o Anjo de Deus é o próprio Deus (Andrews Study Bible).
Como a Anjo do Senhor fala em nome de Deus na primeira pessoa do singular (v. 10) e como Hagar deu “ao SENHOR que lhe havia falado” o nome “Tu é o Deus que me vê” (v. 13), o anjo parece ao mesmo tempo ser diferenciado do Senhor “por ser chamado mensageiro” – que é o significado da palavra hebraica traduzida por “anjo”) e identificado com ele. Diferenciação e identificação semelhantes acham-se em 19.1, 21; 31.11, 13; Êx 3.2, 4; Jz 2.1-5; 6.11, 12, 14; 13.3, 6, 8-11, 13, 15-17, 20-23; Zc 3.1-6; 12.8. Segundo a interpretação cristã tradicional, esse “anjo” era uma manifestação pré-encarnada da Cristo como Mensageiro-Servo de Deus. Bíblia de Estudo NVI Vida.
7 O caminho de Sur se refere a uma muralha ou a fortificações existentes ao longo da fronteira oriental do Egito contra forças estrangeiras vindas de, ou através da Palestina (Bíblia Shedd).
Agar estava a caminho de seu país natal, o Egito, e já havia alcançado a fronteira egípcia (ver Gn 25:18; 1Sm 15:7). A expressão “junto à fonte” implica uma fonte determinada e bem conhecida. CBASD, vol. 1, p. 317.
10 Multiplicarei sobremodo a tua descendência. Deus reconheceu as circunstâncias difíceis em que Agar se achava, pelas quais ela não era primariamente a responsável. Agar honrava o verdadeiro Deus, e Ele não a abandonaria em sua dificuldade. A promessa que Ele fez a ela ali, uma escrava, é sem paralelo. Essa promessa a consolou grandemente. Embora Ismael não devesse ser o filho do plano divino, ele partilharia, porém, da promessa feita a Abraão. Deus havia prometido multiplicar a descendência de Abraão, sem limitar isso àqueles que fossem descendentes de Sara. Portanto, Ele cumpriria a promessa à risca, mas reservaria a bênção espiritual para o descendente que era originalmente o objeto da promessa, ou seja, Isaque (ver Gl 4:23-30; Rm 9:7, 8). CBASD, vol. 1, p. 317.
11 Ismael. Heb “Deus ouve” (Bíblia Shedd).
Esta é a primeira vez que Deus dá nome a uma criança ainda não nascida (ver Gn 17:19; Lc 1:13, 31). Assim, Ele manifestou a Agar Seu interesse nela e em sua descendência. O nome da criança, Ismael, “Deus ouvirá”, devia fazê-la se lembrar da misericordiosa intervenção de Deus, e devia fazer Ismael se lembrar de que ele era objeto da graciosa providência de Deus. CBASD, vol. 1, p. 317.
12 Ele será, entre os homens, como um jumento selvagem. Esta figura de linguagem que se refere ao jumento selvagem, um animal indomável que vagueia no deserto por onde deseja, ilustra adequadamente o amor à liberdade característico do beduíno, que viaja intrepidamente sem se importar com as privações, deleitando-se com a beleza variada da natureza e desprezando a vida na cidade. CBASD, vol. 1, p. 318.
A sua mão será contra todos. Uma descrição precisa dos árabes, muitos dos quais reivindicam Ismael como seu pai. Poderosas nações já tentaram conquistar a Arábia e sujeitá-la à sua vontade, mas nenhuma teve sucesso permanente. Os árabes mantiveram sua independência, e Deus os tem preservado como um monumento perene de Seu cuidado providencial. Eles continuam sendo, ainda hoje, um argumento incontestável da veracidade desta predição divina. CBASD, vol. 1, p. 318.
14 Beer-Laai-Roi. Dali em diante, o poço ficou conhecido por um nome que significava “poço dAquele que vive e me vê”. Durante gerações os árabes que se refrescaram nesse poço se lembraram de que Deus ali Se revelou à sua ancestral. CBASD, vol. 1, p. 318.
Entre Cades e Berede. A localização do poço, mencionada também em Gênesis 24:62 e 25:11, se perdeu. Além do fato de que Berede também é desconhecida, tudo o que pode ser dito é que o poço devia estar localizado a oeste de Cades, na parte sudoeste de Canaã, no caminho para o Egito. Alguns eruditos o têm identificado como sendo o poço Ain Kadesh, que os árabes chamam de Moilani Hagar. CBASD, vol. 1, p. 318.
15 Agar deu à luz um filho a Abrão. Durante 13 anos [dos 86 a 99 anos] Abraão parece ter permanecido sob a ilusão de que Ismael era o descendente prometido. Quando o patriarca estava com 99 anos, a vontade de Deus lhe foi mais claramente revelada (ver Gn 17:1, 18, 19). CBASD, vol. 1, p. 318.
Abrão dá nome ao filho e, portanto, o legitimiza. Ele tem agora 86 anos de idade e tem estado em Canaã por onze anos [dos 75 aos 86 anos] (Andrews Study Bible).
1 Comentário so far
Deixe um comentário
Excelente comentário! Deus é tremendo!
Comentário por José Magalhães 29 de janeiro de 2022 @ 13:26