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1222 palavras
Começa aqui o terceiro ciclo de discursos, que vai até o fim do cap 31. Pouco tem de novo; só em Jó se nota um progresso, lento, embora, mas seguro no entendimento. Elifaz continua o ciclo com as mais injustas acusações, citando precisamente as coisas más que Jó não fizera e omitindo todo o bem que praticara, o bem de outrem (Bíblia Shedd).
Este é o terceiro e último discurso de Elifaz a Jó. Quando ele falou pela primeira vez com Jó (capítulos 4 e 5), ele elogiou as boas ações de Jó e gentilmente sugeriu que Jó precisasse se arrepender de algum pecado. Embora ele não tenha dito nada de novo neste discurso, ele foi mais específico. Ele não conseguia abalar sua crença de que o sofrimento é o castigo de Deus por atos malignos, então ele sugeriu vários possíveis pecados que Jó poderia ter cometido. Elifaz não estava tentando destruir Jó; no final de seu discurso, ele prometeu que Jó receberia paz e restauração se ele apenas admitisse seu pecado e se arrependesse. Life Application Study Bible Kingsway.
A característica distintiva deste terceiro discurso de Elifaz é o fato de que ele acusa Jó de pecados específicos contra o próximo. Embora Elifaz seja o mais gentil dos amigos, ele parece, neste discurso, estar fazendo um esforço desesperado para defender sua posição. Ele encerra este discurso da mesma forma que o primeiro, isto é, com um apelo a Jó para que mude seus caminhos a fim de ser liberto do sofrimento (CBASD, vol. 3, p. 626).
1-5 Elifaz passa a demonstrar que deve existir uma razão para as aflições humanas: a causa não pode estar em Deus, visto que a moralidade humana não pode afetar a onipotência divina. A explicação deve estar no próprio homem: Jó sofre por sua própria maldade (Bíblia Shedd).
2 de algum proveito. Elifaz admite que um sábio pode buscar vantagem para si próprio, mas nega que alguém possa fazer favores a Deus. Elifaz infere [supõe] que Jó considera que Deus tenha alguma obrigação para com ele, o que Elifaz crê ser injustificado (CBASD, vol. 3, p. 626).
3 tem o Todo-Poderoso interesse […]? Elifaz apresenta Deus como alguém extremamente impessoal. Ele declara que a justiça ou a perfeição do ser humano não traz nem prazer nem lucro para Deus. Parece estar se esforçando para demonstrar que os motivos que impelem Deus a infligir sofrimento não são egoístas nem arbitrários. Contudo, no esforço para provar sua ideia, Elifaz deixa de fazer justiça ao caráter divino. O salmista, porém, tinha uma concepção mais adequada de Deus (Sl 147:11; 19:4) (CBASD, vol. 3, p. 626).
4 temor. A ideia do verso seria: certamente Deus não aflige um homem porque ele é piedoso! (CBASD, vol. 3, p. 626).
Juízo. Jó repetidamente expressou o desejo de apresentar seu caso diretamente a Deus (ver Jó 13:3). Elifaz considera isso um absurdo (CBASD, vol. 3, p. 626).
5 grande a tua malícia. Com esta declaração Elifaz inicia uma enumeração do que ele considera que sejam os pecados de Jó (CBASD, vol. 3, p. 626).
6-20 Nestes versículos, Elifaz ataca a Jó, especificando as suas acusações. Diz que Jó é violento, de personalidade contraditória, um homem que pratica o duplo jogo (6-9). É por causa disto que está sofrendo (10-11) (Bíblia Shedd).
6 tomaste penhores. Um “penhor” é o bem dado por um devedor ao credor como garantia. O crime atribuído a Jó era o de exigir tais penhores sem justa razão, isto é, quando não havia dívida, quando a dívida já estava paga, ou que o penhor ia muito além da dívida (ver Ne 5:2-11) [ver Êx 22.26,27; Dt 24:6]. […]Tirar vantagem do pobre injustamente tem sido uma falha comum da humanidade em todas as eras. […] A maioria dos verbos hebraicos nos v. 6 a 9 está num tempo que sugere a ideia de frequência, indicando que Elifaz representava esses pecados como o modo de vida habitual de Jó. Tanto quanto de saiba, a única evidência que ele tinha de Jó ter cometido esses pecados era o sofrimento dele (CBASD, vol. 3, p. 626).
8 Elifaz não tem evidência alguma, mas supõe que Jó teria praticado as injustiças que eram possíveis para um homem de sua posição. No terceiro ciclo, os amigos abandonaram o estilo de insinuação indireta, para lançar acusações abertas contra Jó (Bíblia Shedd).
Elifaz quis dizer que Jó havia desapossado os pobres e ocupado a terra à força (CBASD, vol. 3, p. 627).
9 às viúvas despediste. A opressão destas classes de pessoas é considerada na Bíblia como crime grave (Dt 27:19; Jr 7:6; 22:3). Jó não podia deixar passar esta acusação sem refutá-la (29:13; 31:21,22) (CBASD, vol. 3, p. 627).
10 por isso. Elifaz […] enfatiza que os infortúnios de Jó resultam diretamente dos maus-tratos por ele infligidos aos fracos e necessitados (CBASD, vol. 3, p. 627).
12-14 Elifaz declarou que a visão de Jó sobre Deus era muito pequena e criticou Jó por pensar que Deus estava muito longe da terra para se importar com ele. Se Jó soubesse do intenso interesse pessoal de Deus por ele, disse Elifaz, não ousaria levar seus pecados tão levianamente. Elifaz tinha razão – algumas pessoas levam o pecado levianamente porque pensam que Deus está longe e não percebe tudo o que fazemos. Mas este ponto não se aplica a Jó. Life Application Study Bible Kingsway.
12 nas alturas. Elifaz chama a atenção para a transcendência e a onipotência de Deus. Essa é meramente mais uma repetição do argumento dos amigos de Jó. Eles colocavam grande ênfase na soberania de Deus. Até certo ponto, muitas de suas declarações estavam corretas. Mas, no final, o próprio Deus, que eles descreviam em palavras tão exaltadas, os repreendeu pelo que disseram (Jó 42:7). Não é suficiente a declaração de fatos abstratos; é essencial a aplicação correta de tais fatos. […] o ser humano envereda por caminho perigoso quando presume poder sondar aquilo que Deus não achou por bem revelar. Nesse sentido, muitos se extraviaram e naufragaram espiritualmente. Portanto, é preciso contentar-se com o que Deus revelou, mas ser diligente em buscar compreender o máximo possível à mente finita (CBASD, vol. 3, p. 627).
15 queres seguir a rota antiga […]? Ou, “Você vai continuar no velho caminho que os perversos palmilharam?” (NVI) (CBASD, vol. 3, p. 628).
21-30 Elifaz traz uma maravilhosa mensagem de reconciliação com Deus, o que não pode ajudar a Jó, pois é baseada na suposição da sua grande maldade (5-11) (Bíblia Shedd).
Várias vezes os amigos de Job mostraram um conhecimento parcial da verdade e do caráter de Deus, mas tiveram dificuldade em aplicar com precisão essa verdade à vida. Tal foi o caso de Elifaz, que fez um belo resumo do que é arrependimento. Ele estava correto ao dizer que devemos pedir o perdão de Deus quando pecamos, mas sua afirmação não se aplica a Jó, que já havia buscado o perdão de Deus (7:20, 21; 9:20; 13:23) e vivia próximo a Deus o tempo todo. Life Application Study Bible Kingsway.
22 instrução. Do heb. torah. Esta é a única ocorrência da palavra no livro de Jó. Parte da experiência de permanecer junto a Deus consiste em receber Sua instrução e prezar Suas palavras (CBASD, vol. 3, p. 628).
24, 25 Elifaz convida Jó a desapegar-se dos bens materiais, para então deleitar-se com a suprema riqueza da comunhão com Deus (Bíblia Shedd).
27 pagarás os teus votos. Como sinal de que as orações foram atendidas (Bíblia Shedd).
30 ao que não é. A LXX [versão grega do VT] dá um sentido oposto, ao traduzir a frase como: “Ele livrará o inocente.” Neste caso, Elifaz estaria apenas afirmando uma de suas premissas básicas, isto é, que Deus faz prosperar os justos (CBASD, vol. 3, p. 629).
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